LENDAS: OXÓSSI (OGÚM LHE ENSINA A CAÇAR)
Lendas: Oxóssi (Ogúm lhe ensina a caçar)
Oxóssi é irmão de Ogun.
Ogun tem pelo irmão um afeto especial.
Num dia em que voltava da batalha, Ogun encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a
aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras.
Ogun vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança.
Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção.
Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo.
Ogun então ensinou Oxóssi a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a
qual a vida é muito mais difícil. Ogun ensinou Oxóssi a defender-se por si próprio e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente. Agora Ogun podia
voltar tranqüilo para a guerra. Ogun fez de Oxóssi o provedor.
Oxóssi é o irmão de Ogun.
Ogun é o grande guerreiro.
Oxóssi é o grande caçador.
Oxóssi mata a mãe com uma flechada.
Olodumare chamou Orunmilá e o incumbiu de trazer-lhe uma codorna.
Orunmilá explicou-lhe as dificuldades de se caçar codorna e rogou-lhe que lhe desse outra missão.
Contrariado, Olodumare foi reticente na resposta e Orunmilá partiu mundo afora a fim de saciar a vontade do seu Senhor. Orunmilá embrenhou-
se em todos os cantos da Terra. Passou por muitas dificuldades, andou por povos distantes. Muitas vezes foi motivo de deboche e negativas
acerca do que pretendia conseguir. Já desistindo do intento e resignado a receber de Olodumare o castigo que por certo merecia, Orunmilá se
pôs no caminho de volta. Estava ansado e decepcionado consigo mesmo.
Entrou por um atalho e ouviu o som de cânticos. A cada passo, Orunmilá sentia suas forças se renovando. Sentia que algo de novo ocorreria.
Chegou a um povoado onde os tambores tocavam louvores a Xangô, Iemanjá, Oxum e Obatalá. No meio da roda, bailava uma linda rainha. Era
Oxum, que acompanhava com sua dança toda aquela celebração. Bailando a seu lado estava um jovem corpulento e viril. Era Oxóssi, o grande
caçador.
Orunmilá apresentou-se e disse da sua vontade de falar com aquele caçador. Todos se curvaram perante sua autoridade e trataram de trazer
Oxóssi à sua presença. O velho adivinho dirigiu-se a Oxóssi e disse que Olodumare o havia encarregado de conseguir uma codorna. Seria esta,
agora, a missão de Oxóssi. Oxóssi ficou lisonjeado com a honrosa tarefa e prometeu trazer a caça na manhã seguinte. Assim ficou combinado.
Na manhã seguinte, Orunmilá se dirigiu à casa de Oxóssi. Para sua surpresa, o caçador apareceu na porta irado e assustado, dizendo que lhe
haviam roubado a caça. Oxóssi, desorientado, perguntou à sua mãe sobre a codorna, e ela respondeu com ares de desprezo, dizendo que não
estava interessada naquilo. Orunmilá exigiu que Oxóssi lhe trouxesse outra codorna, senão não receberia o Axé de Olodumare. Oxóssi caçou
outra codorna, guardando-a no embornal. Procurou Orunmilá e ambos dirigiram-se ao palácio de Olodumare no Orum. Entregaram a codorna ao
Senhor do Mundo. De soslaio Olodumare olhou para Oxóssi e, estendendo seu braço direito, fez dele o rei dos caçadores. Agradecido a
Olodumare a agarrado a seu arco, Oxóssi disparou uma flecha ao azar e disse que aquela deveria ser cravada no oração de quem havia roubado
a primeira codorna. Oxóssi desceu à Terra. Ao chegar em casa encontrou a mãe morta com uma flecha cravada no peito. Desesperado, pôs-se a
gritar e por um bom tempo ficou de joelhos inconformado com seu ato. Negou, dali em diante, o título que recebera de Olodumare.